quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Cuidados posturais e de estímulo à mobilidade no AVE agudo. - O essencial


Metas de Intervenção Fisioterapêutica na Fase Aguda
Os objetivos a serem alcançados na fase hospitalar estão relacionados ao estimulo a mobilidade independente o mais cedo possível.

Os objetivos gerais de mobilidade
1 – Estimular o paciente a realizar o exercício de ponte na cama
2 – Ensinar o paciente a rolar na cama e realizar transferência de supino para sentado na borda da cama
3 –Estimular o controle de tronco na posição sentada.
4 – Estimular o paciente a realizar atividades de alcance em todas as direções.
5 – Facilitar a transferência da cama para a cadeira e de volta
6 – Estimular a deambulação com ou sem assistência, dispositivo e / ou ajuda externa

Prevenção de trauma e dor no ombro acometido
• Posicione adequadamente o membro superior do paciente.
• Evite segurar e tracionar o paciente pelo braço do lado afetado.
• Sempre apoiar o braço quando o paciente estiver sentado, quer na frente ou de lado em uma mesa alta.
• Estimule a movimentação ativa do membro superior para ganhar o controle motor.
• Incentive o paciente a realizar atividades bimanuais.

ATIVIDADES TERAPÊUTICAS:
#1 - Sentado no leito, com a cabeceira elevada e braços posicionados sobre mesa ou travesseiro.
Paciente é orientado a utilizar seu membro superior não afetado em atividades de acordo com seu interesse.


#2 - Sentado assistido na beira da cama, com braços apoiados na mesa e pés no solo ou degrau. Peça ao paciente para realizar qualquer atividade com o membro superior e inferior do lado não afetado. Lembre-se que enquanto ele relaiza atividades com o lado não afetado, ele realiza descarga de peso sobre o lado afetado, assim estimulando atividade no lado afetado.

#3 - Com o paciente sentado na beira da cama.Pratique atividades de alcance e descarga de peso sobre o lado afetado.







#4 - Atividades de mobilidade na cama. Realize atividades de ponte na cama. A estabilização dos membros inferiores pode ser feito pelo tornozelo ou pelos joelho.

#5 - Rolando na cama por sobre o lado não afetado. O braço do lado afetado pode ser posicionado sobre o peito e a perna do lado afetado posicionada com flexão de joelho. O paciente é orientado a trazer a cabeça e o membro afettado em diração ao lado oposto enquanto se empurra com o pé do lado não afetado.
OBS: Recomendo a complementação deste manuseio pela leitura do livro recomeçando outra vez da Autora Patrícia Davies



#6 - Transferência de Decúbito Dorsal para sentado na beira da cama

Inicie após o paciente conseguir ficar sentado no leito, com a cabeceira elevada a 80-90 graus. Solicite ao paciente a se virar para o lado não afetado e se sentar com as pernas para fora do leito. Recomendo a leitura da postagem sobre transferências no leito.
# 7 - Progressão de sentado para de pé
A progressão é realizada a partir de superfícies mais altas (mais fácil para o paciente passar de sentado para de pé) para superfícies mais baixas (mais difícil para o paciente).
Na figura abaixo a fisioterapeuta utiliza uma cinta no paciente de modo a deixá-lo com os membros superiores livres.

#8 - Caminhando ao redor do leito ou de uma maca
Com a terapeuta acompanhando o paciente por trás ou pelo lado afetado, deve-se praticar caminhadas em volta da cama do paciente de modo que ele possa usara mão do lado não afetado para apoiar-se na cama. Ele pode praticar andar para a frente, para os lados e para trás. O menor contato manual deverá ser utilizado até que o paciente aprenda a andar sozinho.
O uso de barras paralelas para o treino de marcha não é recomendado, pois as barras oferecem muito apoio passivo e o paciente pode acabar se tracionando ou apoiando demais sobre a mão do lado não afetado, o que atrapalharia a reaquisição de reações de equilíbrio e marcha independente.


#9 - Atividades de alcance em ortostatismo


O paciente é posicionado em frente a uma mesa e é desafiado a realizar atividade de alcance em várias direções. Enquanto pratica o alcance com o braço não afetado, a mão afetada é posicionada sobre a mesa realizando descarga de peso

Com o braço não afetado apoiado sobre uma mesa ou na parede, o paciente é orientado a pisar em um banquinho (8cm). A progressão pode ser feita solicitando ao paciente que pise no banquinho sem apoio. Uma progressão mais avançada pode ser feita aumentando-se a altura do banquinho

Alguns exercícios para prótese transfemural

Olá pessoal,
Quando a aula de amputações é minstrada na faculdade, geralmente nos deparamos com a obrigação de memorizar aqueles nomes esquisitos como Chopart, Syme, Pirigoff, Boyd, etc. Esta decoreba é chatíssima, porém importante para quem pretende se especializar no tratamento de amputados. Mas a postagem de hoje não é sobre a mania de dar o próprio nome para o infortúnio alheio. Na verdade pretendo ir mais adiante e falar sobre alguns exercícios para amputados transfemurais.

Mas antes de continuar deixo um aviso aos navegantes:
[1]Esta postagem é direcionada a estudantes e profissionais que lidam com amputados
[2]Não prescrevo próteses,
[3]Não avalio e nem faço consultas pela internet,
[4]Estes exercícios pressupõem que o paciente está fisicamente apto para a atividade, com a prótese adequada, coto maturado e sem feridas.
Dito isso, vamos voltar ao assunto:

As próteses de mebro inferior evoluíram muito nas últimas décadas. Os fabricantes oferecem próteses com componentes mais leves e duráveis, e mesmo que não sejam “top de linha”, a tecnologia empregada nas próteses é capaz de imitar com razoável sucesso o caminhar humano. Neste ponto é importante ressaltar que alguns exercícios simples podem ajudar a melhorar o equilíbrio e dar confiança para que o paciente faça a descarga de peso sobre a prótese. Uma maior confiança na prótese irá garantir um passo mais simétrico, com menor gasto energético e principalmente sem colocar tensão desnecessária sobre a coluna lombar.A postagem de hoje irá discutir algumas maneiras para melhorar o desempenho de próteses.

Exercício 1. Balanceio de um lado para o outro:
Este é um excelente exercício para ser feito tanto no ambulatório quanto em casa. No caso do atendimento ambulatorial utilize barras paralelas, se for prescrever este exercício para casa oriente o paciente a utilizar duas cadeiras como se fossem uma “mini barra paralela”, e realizando o exercício preferencialmente diante de um espelho de corpo inteiro (lembrando que tem de ser cadeiras estáveis para evitar acidentes!).

Pois bem: para pacientes iniciando a protetização, eu recomendo que você fique junto com o paciente na barra paralela, com as mão apoiadas na crista ilíaca do paciente. Oriente o paciente a descarregar o peso corporal alternadamente para a direita e para esquerda e quando estiver descarregando o peso sobre o lado da prótese, aplique uma força de modo a gerar maior pressão sobre a prótese. Este treinamento ajuda o paciente a se familiarizar com a prótese. Atenção para o sinal de trendlemburg. Fortalecimento de abdutores de quadril é importantíssimo e não pode ficar pra depois ! ! A progressão deste exercício é realizar a mesma atividade porém sem o apoio das mãos.


Exercício 2. Marcha lateral
Este exercício deve ser iniciado somente depois que você avaliar o equilíbrio do paciente e julgar que é possível realizar a tarefa sem risco de quedas. Você pode utilizar uma mesa comprida ou simplesmente pedir ao paciente para ficar de frente para uma parede e andar de lado ao longo do percurso. Dica importante: oriente o paciente a “apontar o umbigo para frente”, assim você evita torções da pelve e garante que os abdutores de quadril trabalhem melhor. E por falar em abdutores de quadril, lembrem-se de incluir alguns exercícios domiciliares de fortalecimento de glúteo médio e máximo!!!

Exercício 3.Equilíbrio em apoio monopodal:
Monopodal mais ou menos... Ok! Se você conseguiu progredir suas atividades até aqui, pode começar a exigir um pouco mais do membro residual. Que tal treinar equilíbrio em apoio monopodal? Por motivo de segurança inicie nas barras paralelas. Utilize um step ou um daqueles degraus que a gente usa para poder subir na maca. Peça para o paciente ficar como na figura abaixo.
Particularmente gosto de usar o degrau. Eu fico sentado no degrau mais alto e o paciente apoia a perna no degrau mais baixo, descarregando bastante peso sobre a prótese. Nesta posição minhas mãos ficam livres para corrigir torções, inclinações de tronco, inclinações excessivas da pelve e até aplicar força para desequilibrar pacientes que estejam em uma fase mais avançada. Aqui também é possível solicitar ao paciente que realize movimentos para a frente e para trás, alongando os flexores de quadril do membro residual.


Exercício 4 Rolando a bola
Este é legal. Com o paciente de pé, utilize uma bola (pode ser de tênis ou futebol, só não vá usar uma bola suiça 65!). Com a prótese apoiada no chão, peça ao paciente rolar a bola para frente, para os lados e em círculos. Peça ao paciente para sentir como os músculos do quadril trabalham. Alguns pacientes vão certamente tentar fazer embaixadinhas... este também é um bom exercício, porém preste atenção pois eu já percebi que a atenção fica tão focada na bola que eles esquecem de controlar o quadril do mebro residual e acabam fazendo um trendlemburg desnecessário.

Há muitos outros exercícios que podem e devem ser incorporados ao programa de protetização. Os elementos essenciais para maximizar o desempenho funcional de um amptado transfemural são:

• Desenvolver um bom equilíbrio sobre ambos os pés.
• Ensinar o paciente a usar os músculos do membro residual, isso minimiza o trendlemburg e garante uma marcha mais simétrica e suave.
• Continuar a fortalecer e alongar o membro residual

Esta postagem foi baseada na minha experiência e em alguns exercícios recomendados pelo site http://www.amputee-coalition.org/military-instep/ten-exercises.html .
Para quem quiser saber mais, recomendo a leitura do TCC AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO E FUNCIONALIDADE EM INDIVÍDUOS COM AMPUTAÇÃO DE MEMBRO INFERIOR PROTETIZADOS E REABILITADOS, disponível no site http://www.unioeste.br/projetos/elrf/monografias/2005/pdf/jean.pdf . A introdução e os fundamentos teóricos estão bem abrangentes e muito bem escritos.

Mitos e Lendas da Fisioterapia - Exercício de apertar bolinha após um AVE


Olá pessoal,
Finalmente tomei coragem pra escrever um pouco sobre os mitos e lendas que envolvem a fisioterapia. Hoje vou falar de um tema praticamente onipresente no imaginário popular quando o assunto é AVE: As bolinhas de apertar.

Como tudo começou...
Há muito, muito tempo atrás, Lima Duarte interpretou um personagem chamado Dom Lázaro Venturini na novela Meu Bem, Meu Mal da Rede Globo. Em determinado momento da trama este personagem sofre um AVE, e ao longo dos capítulos seguintes, o seu processo de reabilitação se resumia aos cuidados prestados pela Dona Catifunda e aos exercícios de apertar uma bolinha macia.
Como podemos ver na reportagem abaixo, o mais fantástico nisso tudo é que de tanto apertar a bendita bolinha, Dom Lázaro voltou a ouvir, se movimentar e falar. Só não terminou a novela fazendo malabarismos na corda bamba porque o Lima Duarte tem medo de altura.
Infelizmente esta novela contribuiu na divulgação da falsa idéia de que uma pessoa com AVE deve ficar apertando bolinhas para recuperar os movimentos.


Agora falando sério
O grande problema de se entregar uma bolinha para uma pessoa que sofreu AVE ficar apertando é que este não é um exercício inofensivo. O AVE manifesta-se frequentemente por alterações do tônus e do controle motor voluntário. Nos membros superiores predomina o chamado padrão ou sinergia flexora, caracterizado por hipertonia dos principais grupamentos flexores gerando uma postura em adução e rotação interna do ombro, flexão do cotovelo, pronação do antebraço e flexão dos dedos.
De modo geral, este padrão permite ao paciente um certo controle sobre os músculos flexores (tanto que eles conseguem apertar a bolinha) porém existe grande dificuldade para conseguir abrir a mão, seja devido a espasticidade agindo como antagonista ao movimento extensor, seja por incapacidade de ativação dos músculos extensores.
Em ambos os casos, o fortalecimento dos músculos flexores de punho e dedos não contribui em nada para a recuperação do controle dos movimentos da mão. Na verdade, estes exercícios podem aumentar ainda mais a espasticidade e resultar em encurtamento muscular e deformidade da mão, dificultando a higiene, o posicionamento e a recuperação dos movimentos.

Portanto, considerem o mito de que apertar uma bolinha ajuda na recuperação de movimentos de uma pessoa com AVE como DETONADO.

Exercícios Pliométricos e Reabilitação

Sabe aquele Balancim, aquela Cama Elástica e aquele Bosu que ficam dando sopa no ginásio de fisioterapia e que ninguém nunca usa?
Já pensou que eles podem ser úteis para desenvolver atividades pliométricas?
Pois é, a pliometria pode ser uma boa opção de exercício para alguns pacientes.
Se interessou?
Então continue lendo a matéria e bons estudos.


AVISO AOS NAVEGANTES:
Este é uma postagem voltada para estudantes e profissionais.
Não sou professor de Educação Física, não prescrevo exercícios, e não faço consultas pela internet. Dito isso, vamos ao que interessa.


Os Exercícios Pliométricos

Exercícios pliométricos são basicamente exercícios que envolvem uma breve contração excêntrica seguida de uma contração concêntrica explosiva. Esta seqüência de contrações é denominada de Ciclo Alongamento-Encurtamento (também chamado Ciclo Excêntrico- Concêntrico ou de Contra Movimento). Portanto, principal característica da atividade pliométrica (e o que a diferencia dos demais exercícios) é a capacidade de armazenar energia elástica na musculatura e tecido conjuntivo para que seja utilizada durante a contração concêntrica deste mesmo músculo. Além disso, acredita-se que o treinamento baseado nestes ciclos é capaz de melhorar a capacidade de reação do sistema neuromuscular ao recrutar unidades motoras numa mínima quantidade de tempo.

A aplicação de treinamento pliométrico tem evoluído nos últimos anos e acabou chegando ao campo da reabilitação. Alguns protocolos recentes incluem o exercício pliométrico como um meio para melhorar a função e facilitar o retorno ao esporte.

Esta postagem tem como objetivo descrever os mecanismos envolvidos na atividade pliométrica e discutir como podem ser utilizados em reabilitação. Mas antes, vamos compreender melhor o Ciclo Alongamento-Encurtamento.

O Ciclo Alongamento-Encurtamento

Além da definição de Ciclo Alongamento-Encurtamento (CAE), é importante saber também que ele é dividido em três fases:

[1] Fase Excêntrica ou de Pré-Alongamento,
[2] Fase de Amortização, e
[3] Fase Concêntrica, fase de Resposta Concêntrica ou de Encurtamento.

A primeira fase é a Fase Excêntrica, também descrita como preparatória. É nesta fase que ocorre o armazenamento de energia elástica, e também o estímulo dos receptores musculares (os fusos musculares são estimulados e alongados durante a contração excêntrica dos agonistas).

A fase seguinte, denominada de Fase de Amortização, é o intervalo entre a contração excêntrica e a concêntrica. Pra ser mais exato, ela se inicia quando a contração excêntrica começa a diminuir de intensidade e termina com o início de uma força concêntrica. Para fins de treinamento, o ideal é que esta fase seja realizada o mais rápido possível, de modo que a energia elástica armazenada na fase anterior não tenha o risco de se dissipar em forma de calor no interior do músculo. O rápido alongamento (carga excêntrica) deve ser imediatamente seguido de uma acelerada contração concêntrica explosiva, para maximizar a força gerada.

A terceira e última fase é a fase de Resposta Concêntrica, ou seja, a fase na qual se gera o movimento explosivo. Neste momento do movimento pliométrico se tem a somatória da fase de preparação e amortização. Esse é o estágio produtivo, devido à contração concêntrica estimulada.

Uso de exercícios pliométricos em reabilitação

Os exercícios pliométricos são usados no treinamento de atletas para desenvolver força explosiva, melhorar a reatividade muscular através da facilitação do reflexo miotático e da dessenssibilização dos OTGs e melhorar a coordenação intra e extra articular Analisando os efeitos desses exercícios, acredita-se que estes podem ser benéficos na prevenção de lesões e também na reabilitação, principalmente de atletas

Escolhendo os candidatos.
Por mais que você goste, acredite e deseje ardentemente incluir exercícios pliométricos na sua rotina de tratamento, obviamente nem todos os pacientes tem indicação ou se beneficiariam da prática destes exercícios.
Com base no princípio da especificidade, (que o treino deve se aproximar ao máximo da atividade real), o exercício pliométrico é indicado para pacientes que desejem retornar à atividades que incluem movimentos explosivos.
Em geral, exercícios de reabilitação são executados em baixa velocidade, com resistência leve/moderada e, muitas vezes, em planos de movimento bem controlados. Sem dúvida estes exercícios promovem o recrutamento, melhoram a força, e aumentam a resistência muscular, entretanto falham em simular a velocidade, força ou planos de movimento que são encontrados durante uma competição atlética, ou seja: eles não reproduzem as demandas e habilidades necessárias na atividade para qual o atleta está sendo reabilitado.
Conseqüentemente, o exercício pliométrico tem sido recomendado para fazer a ponte entre os exercícios de reabilitação tradicionais e atividades desportivas específicas.

Contra-indicações
Contra-indicações para iniciar o exercício pliométrico são: inflamação aguda ou dor, pós-operatório imediato e instabilidade articular. Patologias comuns, como artrite, lesões musculares ou lesão condral são contra-indicações relativas, e devem ser muito bem avaliadas, pois dependem da capacidade do tecido de tolerar a geração rápida de forças de grande intensidade e da articulação tolerar a sobrecarga imposta.

Considerações Finais
Muitos exercícios pliométricos, mesmo em baixas intensidades, expõem as articulações a forças intensas e altas velocidades de movimento, e definitivamente não são adequadas para as fases iniciais da reabilitação. Antes de iniciar o exercício pliométrico, os pacientes devem ser capazes de tolerar as atividades cotidianas sem dor ou edema. Caso contrário, as altas forças envolvidas irão provavelmente agravar o problema. Além disso, os pacientes devem ter Amplitude de Movimento praticamente completa e um nível adequado de força, resistência e controle neuromuscular para executar corretamente o exercício pliométrico com baixo risco de exarcebar os sintomas.
As justificativas para a utilização da pliometria na reabilitação de atletas leva em consideração principalmente a influência destas atividades sobre: a resposta reativa muscular, a sincronização da atividade muscular e da atividade miotática. É possível que um programa de exercícios pliométricos aumente a eficiência neural, corrigindo déficits proprioceptivos e aprimorando o controle neuromuscular.

... postagem kilométrica

Espero que seja útil

Aloha!

REFERÊNCIAS:



NEUROMUSCULAR TRAINING TECHNIQUES TO TARGET DEFICITS BEFORE RETURN TO SPORT AFTER ANTERIOR CRUCIATE LIGAMENT RECONSTRUCTION

Plyometric Training Concepts for Performance Enhancement (capítulo de livro)

Posturas em pediatria


INTRODUÇÃO
O conhecimento do processo normal de desenvolvimento motor é o fundamento básico para a análise do movimento em pediatria. Tão importante quanto memorizar os marcos motores é compreender a importância de cada aquisição motora e como seus elementos se integram para o surgimento de habilidades funcionais como a capacidade de manipular objetos, de realizar trocas posturais e deambular.
O objetivo desta postagem é abordar brevemente as principais posturas utilizadas como tratamento em fisioterapia pediátrica. Posturar adequadamente o paciente é uma das condutas mais básicas em fisioterapia pediátrica. Obviamente, não estou me referindo às posturas estáticas do método RPG, mas sim a algo um pouco mais dinâmico; as posturas de Prono (decúbito ventral), Supino (decúbito dorsal), Sentado, Quatro Apoios e Ortostatismo.
Mas voltando ao assunto, a postura como intervenção terapêutica pode ser utilizada para:
[1] Alcançar objetivos gerais com o paciente, tais como melhorar o controle da cabeça e do tronco;
[2] Auxiliar ou facilitar a ativação de grupamentos musculares específicos;
[3] Proporcionar alinhamento postural adequado; e
[4] Reduzir o tônus muscular.
É importante ter em mente que a postura adequada é o ponto de partida para que se possa utilizar técnicas específicas de manuseio. Promover um bom alinhamento postural é fundamental para que a criança desenvolva atividades de alcance e manipulação de brinquedos.

FUNÇÃO RELACIONADA A POSTURA
A postura oferece uma base para os movimentos e função. Deficiências do controle postural, tanto no que se refere a dificuldade de alcançar quanto de se manter uma determinada postura, podem produzir limitações funcionais. Veja o seguinte exemplo: se uma criança não consegue se manter sentada sem o apoio das mãos, então sua capacidade de alcançar, manipular e brincar com brinquedos estará limitada. Pense na postura como uma pirâmide, com as posições supina e prona na base, seguidas de sentado e o de pé no ápice da pirâmide (Figura abaixo). Perceba que conforme a criança adquire controle motor, a base de suporte torna-se menor. Crianças com equilíbrio ou controle postural inadequado geralmente aumentam sua base de sustentação para compensar a falta de estabilidade.
SUPINO E PRONO
O supino e o prono são as posturas mais baixas nas quais uma criança pode desenvolver atividades funcionais. A postura supina é vulgarmente conhecida como “barriga pra cima”. A função motora neste nível envolve o rolar, alcançar com as extremidades superiores e se arrastar. O prono inclui deitar sobre o abdomen com a cabeça rodada para um dos lados ou elevada e também o prono com apoio sobre os cotovelos (puppy), ou prono com os braços estendidos (puppy estendido). A mobilidade na posição prona é possível por meio de rolar ou arrastar sobre a barriga. Muitas crianças empurram-se para trás quando estão em prono antes de estarem aptas a se puxar pra frente. Crianças com extremidades inferiores fracas ou incoordenadas geralmente se arrastam usando apenas os braços para se puxar.
O simples fato de posicionar a criança em prono sobre os cotovelos e estimular o brincar nesta posição ajuda a desenvolver o controle da cabeça contra a gravidade, além da força dos músculos do complexo do ombro e dos extensores de tronco superior (Bly, 1994; Kramer & Hinojosa, 1999; Piper & Darrah, 1994.).
É interessante notar que alguns bebês ficam muito irritados quando posicionados em prono, particularmente aqueles que precisaram ficar hospitalizados, e em especial aqueles que passaram uma tempo na UTI.

SENTADO
A capacidade de manter uma postura ereta sentada sem apoio é um dos marcos motores mais importantes do desenvolvimento. É uma habilidade que se adquire cedo e é mantida durante toda a vida para efeitos de trabalho, lazer, educação, socialização e locomoção. Além disso, é uma postura de grande importância no desenvolvimento de habilidades de manipulação.A postura sentada permite a criança mover ambos os braços enquanto a cabeça e o tronco estão em uma posição mais ereta. Lembrando que em supino a criança é capaz de manipular objetos, experimentando assim a bimanualidade, porém na postura sentada a criança está com os olhos orientados em relação ao horizonte mundo. O grande lance desta postura é que para o uso funcional dos membros superiores, é necessário controle de tronco, e um bom controle de tronco é essencial para que mais tarde esta criança realize a deambulação segura.
Quando sentado, os músculos do pescoço e tronco estão na mesma orientação em relação a gravidade, na verdade é até mais fácil para a criança manter o alinhamento de cabeça e o tronco nesta posição quando comparado com o prono ou supino, nas quais a força da gravidade precisa constantemente ser vencida. Sentar na posição ereta oferece a criança a oportunidade de usar os membros superiores para se alimentar, autocuidados e brincadeiras.
O sentado posicionado com travesseiros é importante para início do estimulo dos abdominais e músculos dorsais mesmo sentado com apoio estimula a criança a desenvolver habilidades motoras e eventualmente sentar sem auxílio.
QUATRO APOIOS
A postura quatro apoios, também chamada de gatas ou o quadrúpede é a posição de partida para o engatinhar, a qual proporciona mobilidade rápida em uma posição prona modificada antes que a criança tenha dominado o andar ereto. O engatinhar é um padrão locomotor caracterizado pela elevação do abdômen da superfície de apoio. Tipicamente, os bebês rastejam antes de engatinhar. A posição quadrúpede tem sido considerada uma postura em flexão, sendo que a cabeça da criança nem sempre está corretamente orientada com o horizonte. Porém, se a criança não engatinhar, não entre em pânico! 12% das crianças com desenvolvimento motor típico não engatinham antes de andar (Long e Toscano 2002).
A posição quadrúpede oferece excelentes oportunidades para a criança descarregar peso sobre os ombros e quadris, desta forma promovendo estabilidade proximal nestas articulações. Esta oportunidade de descarga de peso é importante na preparação para o controle muscular proximal da articulação, o qual é necessário para realizar a transição de uma postura para a outra.

DE PÉ
O último e mais alto nível postural é o de pé, também chamado ortostatismo, no qual a deambulação pode ser possível. A maioria das crianças com desenvolvimento típico se puxam para de pé utilizando móveis por volta dos 9 meses de idade. Entre os 12 e 18 meses, a maioria das crianças já é capaz de andar de forma independente. Mesmo em crianças que não conseguem ficar de pé sozinhas, é importante mantê-las nesta postura por um período de tempo ao longo do dia. O ortostatismo oferece estímulo para o modelamento do acetábulo e da cabeça do fêmur, além de manter os flexores de quadril, joelho e plantiflexores alongados além de uma série de outros estímulos para o sistema respiratória, para função renal e intestinal.
A deambulação aumenta significativamente a habilidade da criança explorar o ambiente. Pergunte aos pais de uma criança na fase em que começa a andar o trabalhão que dá garantir a segurança em suas primeiras andanças. O alcance da postura de pé é um dos nossos objetivos terapêuticos mais frequentes. Em nossa sociedade, ser capaz de se locomover em postura ortostática normal é um dos sinais de “normalidade”. A pergunta mais frequente que você irá ouvir ao trabalhar com crianças muito jovens é “meu filho vai andar?”, e “quando meu filho irá andar?”. Estas são perguntas difíceis de responder, principalmente por causa da expectativa de sucesso depositada no seu trabalho...

Estabilização Vertebral Segmentar, uma breve perspectiva histórica

Aquilo que hoje chamamos de exercícios de estabilização central (core stabilization) teve sua origem a partir do trabalho de um grupo relativamente pequeno de autores. Em 1989, um pesquisador chamado Bergmark publicou um estudo da estabilidade mecânica da coluna lombar. Este autor sugeriu a divisão dos músculos do tronco em dois grupos, denominados de músculos “estabilizadores globais” e “estabilizadores locais”. (também denominados de músculos profundos e superficiais, respectivamente. [Stability of the lumbar spine. A study in mechanical engineering]

Basicamente os estabilizadores globais atuam sobre vários segmentos e transferem força entre a pelve e caixa torácica e incluem os eretores da coluna e o músculo reto abdominal. Já os estabilizadores locais, como os multífidus, possuem inserição nas vértebras lombares e tem a função de manter a estabilidade mecânica da coluna lombar.

Pouco após a publicação deste trabalho, Panjabi, um engenheiro biomédico,propôs um modelo conceitual para a compreensão da instabilidade da coluna vertebral (OBS: o modelo é dito conceitual, pois embora seja lógico e explique vários fenômenos relacionados a coluna, ainda não foi comprovado cientificamente) [Se quiser, pode baixar este trabalho clicando AQUI ]. Panjabi sugere que a estabilidade da coluna vertebral é dependente de 3 sub-sistemas:

#1- O sub-sistema passivo, o qual consiste nos elementos estruturais estáticos da coluna vertebral, tais como as vértebras e ligamentos.
#2- O sub-sistema ativo, formado pelos músculos e tendões que podem aplicar força à coluna vertebral, e
#3- O sub-sistema neural, constituído pelos elementos do sistema nervoso central e periférico, que monitoram a coluna vertebral.

O De acordo com este modelo, a instabilidade resultante da lesão de um componente do subsistema passivo (como uma lesão óssea ou ligamentar) poderia ser compensada, em parte, através da melhoria do desempenho dos sub-sistemas ativo e neural. (quem quise saber mais, eu já postei uma pequena resenha sobre este trabalho. Basta clicar AQUI)

Após o trabalho de Panjabi, um grande número de estudos que avaliaram a função da musculatura do tronco foram publicados. Cresswell e co-autores realizaram uma série de estudos sobre a função muscular do tronco e do controle da pressão intra-abdominal [clique AQUI e AQUI TAMBÉM para acesso aos abstracts]. Nestes trabalhos, os autores descobriram que a ativação do transverso abdominal (TRA) está correlacionada com a pressão intra-abdominal e que os músculos da parede abdominal se ativam antes do eretor espinhal quando o tronco recebe uma carga inesperada.

Hodges e Richardson [Abstracts AQUI, AQUI e AQUI TAMBÉM] identificaram evidências adicionais de “ativação preventiva do TRA e multífidus” com os movimentos dos membros. Aliás, estes trabalhos são interessantíssimos, pois demonstram por meio de eletromiografia que o TRA e multífidus se ativam milissegundos antes de movimentos voluntários do braço e membros inferiores, demosntrando claramente um mecanismo de antecipação (feedfoward) e que estes músculos desempenham um papel importante no fornecimento de estabilidade para a coluna lombar durante tarefas funcionais. Eles também descobriram que os padrões de ativação destes músculos foram diferentes em pacientes com lombalgia e em pacientes sem lombalgia, indicando um alvo potencial para intervenção terapêutica.

Muito dos trabalhos citados até aqui, serviram de base para uma publicação seminal por Richardson e Jull intitulado Pain Control, muscle control – What exercises would you Prescribe? que descreve um programa de treinamento específico para a musculatura do tronco com foco especial sobre a contração isométrica simultânea dos músculos TRA e músculos multífido. [Cara, este trabalho é lindo, vale a pena ler!]. Neste trabalho, os autores propõem que o mecanismo de alívio da dor, alcançado com esta abordagem, se deu através da melhoria da estabilidade dos segmentos vertebrais da coluna lombar. A beleza deste trabalho está justamente no fato que o programa de exercícios foi construído por dois fisioterapeutas extremamente talentosos, utilizando como base o conceito teórico descrito por Panjabi.

Esta abordagem se tornou a base para programas de estabilização lombar ou “core stabilization”, sendo este trabalho amplamente referenciado nas pesquisas seguintes que investigaram os exercícios de estabilização.

Andador de Bebês, além de atrasar o desenvolvimento motor podem ser um risco para crianças

Eu acho que todo mundo conhece, ou até mesmo usou um andador infantil quando era criança. Estes andadores são muito populares aqui no Brasil, sendo que muitos pais adquirem este equipamento acreditando que ele oferece segurança e ajuda a criança a andar mais rápido. . . . Pois é galera, este é um belo exemplo de como as aparências enganam . . .

Logo de cara preciso avisar que não sou vendedor de brinquedos infantis, não faço consultas e nem avalio atraso motor pela internet. Esta é uma postagem direcionada a estudantes de fisioterapia e profissionais da saúde.

Como andadores infantis podem ser perigosos?
Os andadores são projetados para oferecer mobilidade as crianças, e é justamente nesta mobilidade que mora o perigo. Um andador pode alcançar a velocidade de 1m/s (Lang-Runtz, 1983). dependendo da distância, esta velocidade é mais do que o suficiente para dificultar que um adulto a impeça de se aproximar demais de um degrau ou escada. Além disso, o fato dos andadores de bebê permitirem que as crianças fiquem “de pé”, aumenta o seu alcance o que lhes permite tocar objetos perigosos e puxar fios elétricos.
As lesões que podem ocorrer a partir do uso de andadores incluem ferimentos na cabeça e trauma no abdome ou membros devido as quedas. Lesões por impacto resultantes de crianças que puxam sobre si mesmas objetos pesados tais como ferros de passar, aparelhos de DVD, televisores e outros itens domésticos. O alcance pode também gerar um maior risco de asfixia devido à ingestão de pequenos objetos deixados sobre mesas de centro e demais mobiliários baixos.
VOCÊ SABIA?
A queda de escada com andadores infantis costumava ser a principal causa de lesões graves na cabeça de crianças menores de 2 anos no Canadá. Isso até o governo canadense banir este produto do país. Isso mesmo! Desde abril de 2004 é proibido importar, anunciar e vender andadores infantis no país.

De que forma os andadores atrapalham o desenvolvimento motor?
Bebês são curiosos por natureza e esta curiosidade é o que os motiva a se movimentar e explorar o ambiente ao redor. Ao longo do primeiro ano de vida este espírito explorador estimula o bebê a alcançar alguns dos principais marcos do desenvolvimento motor normal como se arrastar, rolar, engatinhar e finalmente andar. Como citado em uma postagem anterior, estas aquisições não se resumem apenas a postura. Ao engatinhar a criança desenvolve força nos abdominais e aprende a coordenar e transferir o peso corporal entre os membros de modo a conseguir se locomover. Ao sentar sem apoio, manipulando um brinquedo, desenvolve o equilíbrio de tronco e aperfeiçoa a bimanualidade. Existem alguns estudos que comprovam que crianças que utilizam demais o andador podem apresentar atraso no desenvolvimento motor. Embora eu não tenha encontrado nenhum modelo que explique a razão do atraso, um pequeno exercício de observação do movimento no andador pode explicar a razão deste atraso.
Vamos começar de baixo pra cima: Caso a criança seja pequena para o tamanho do andador, ela inevitavelmente irá se locomover utilizando a ponta dos pés, empurrando o chão para trás sem descarregar o peso sobre os MMII e sem experimentar o padrão de contração muscular de movimentos coordenados de joelho, tornozelo e quadril. Mesmo se o tamanho da criança for adequado, ainda assim ela vai andar com os joelhos dobrados, mais uma vez sem experimentar o padrão esperado de marcha para a idade.
A cadeirinha na qual a criança fica sentada no andador oferece estabilidade demais. Assim a criança não precisa se incomodar em manter o equilíbrio ao manusear um objeto ou se deslocar com o andador. Além disso, enquanto ela está no andador, ela não está exercitando o rolar, o engatinhar e nem estará tentando dar os primeiros passos por conta própria.
Felizmente este atraso motor não é preocupante. As crianças superam isso facilmente sem maiores problemas. Porém o grande problema é quando pais de crianças com disfunção neuromotora (mielomeningocele ou encefalopatia crônica, por exemplo) decidem usar o andador para “ajudar” com a fisioterapia de seus filhos e filhas. Neste caso teremos problemas de verdade, com a criança experimentando dois padrões de movimento completamente diferentes: De um lado o/a fisioterapeuta tentando ensinar um padrão funcional de marcha enquanto do outro lado o andador reforçando um padrão inadequado, sendo que a luta fica ainda mais injusta se contabilizarmos as horas em que a criança permanece em fisioterapia e as horas que ela passa com o andador em casa.
E agora, o que fazer?
Bem galera, como pai sei muito bem que às vezes é um saco ficar tomando conta de crianças pequenas (e maiores também), mas não tem jeito. Se você quer zelar pela segurança então o negócio é investir em medidas de segurança, como protetores de tomada, portões pequenos para impedir o acesso a cozinha e escada, além de ficar de olho nos pequeninos. Se você quer estimular o desenvolvimento motor, não precisa comprar brinquedos caríssimos, basta passar mais tempo brincando com a criança.
Valeu Galera

REFERÊNCIAS:

Sociedade Brasileira de Pediatria

Garrett M, McElroy AM, Staines A. Locomotormilestones and baby walkers: cross-sectional study. BMJ .2002;324:1494.

Crouchman M. The effects of baby walkers on earlylocomotor development. Dev Med Child Neurol .1986;28:757-61.



Committee on Injury and Poison Prevention. Injuries Associated With Infant Walkers. Pediatrics 2001; 108; 790

A Escala ASIA

Utilizar uma avaliação padronizada é de grande importância para o acompanhamento de indivíduos incluídos em um programa de reabilitação. Tal padronização facilita não só a comunicação entre a equipe multiprofissional como também oferece um registro confiável da evolução do paciente.
Para a avaliação de pessoas que sofreram um Traumatismo Raquimedular (TRM), a escala da ASIA é sem dúvida a avaliação mais utilizada por especialistas e tem grande aceitação em nível mundial.
A ESCALA DA ASIA
A escala da ASIA foi desenvolvida em 1984 pela Associação Norte Americana de Lesão Medular (American Spinal Injury Association – ASIA) e sofreu revisões em 1992 e em 2002. No momento, a escala baseia-se na avaliação da sensibilidade e da função motora, sendo possível classificar o paciente quanto ao tipo de lesão (completa ou incompleta) e determinar o nível neurológico, além de gerar um escore baseado nos achados sensitivos e motores.
Esta escala é praticamente onipresente nas pesquisas envolvendo pacientes com TRM. A parte chata de procurar informações sobre esta escala na internet é que a maior parte das informações disponíveis são meros “ctrl c + ctrl v” do site original da ASIA. ( ̄~ ̄; )
Acho importante ressaltar que a ASIA não deve ser interpretada como um descritor exato e infalível do quadro funcional de uma pessoa com TRM. O objetivo desta escala é servir como registro das informações essenciais que devem ser coletadas nestes pacientes.
De qualquer forma, a escala ASIA é um tema que vale estudar com um olhar um pouco mais crítico, pois esta escala possui algumas sutilezas que podem tanto ajudar quanto complicar enormemente o manejo clínico destes pacientes.
Abaixo está a folha de avaliação da ASIA

CONHECENDO A ESCALA DA ASIA
A principal característica da ASIA é a nomenclatura utilizada para classificação dos pacientes. De acordo com a ASIA é possível classificar o paciente com TRM em uma de 5 categorias, de acordo com o resultado do exame dos componentes sensitivo e motor. A classificação segue abaixo:

ASIA “A” = Lesão Completa: Sem preservação das funções motora e sensitiva no segmento sacral S4 - S5
ASIA “B” = Lesão Incompleta: Perda da função motora, porém função sensitiva preservada abaixo do nível neurológico e inclui sensibilidade do segmento sacral S4-S5
ASIA “C” = Lesão Incompleta: Função motora preservada abaixo do nível neurológico, e mais da metade dos músculos-chave abaixo do nível neurológico possuem grau de força inferior a 3 (apesar de haver contração muscular, não são capazes de vencer a gravidade)
ASIA “D” = Lesão Incompleta: Função motora preservada abaixo do nível neurológico, e mais da metade dos músculos-chave abaixo do nível neurológico possuem grau de força igual ou superior a 3 (vencem a gravidade)
ASIA “E” = Lesão Incompleta: Funções Motora e sensitiva são normais.
Isso é mais ou menos o que se encontra por aí, mas vamos analisar a nomencclatura da ASIA um pouco mais criticamente:



ENTENDENDO A ESCALA DA ASIA

ASIA “A” - Lesão Completa
Como eu disse no início da postagem, a classificação da ASIA tem como objetivo estabelecer um padrão uniforme de avaliação e comunicação entre os profissionais da saúde. A definição de ASIA “A” é a mais simples e a que todo mundo entende. Uma pessoa é classificada como ASIA “A” caso não seja evidenciada função motora e nem função sensitiva no segmento S4-S5. OU seja:
Se houver sensibilidade anal/retal, este paciente NÃO é ASIA “A”.
Se o paciente apresentar contração voluntária do esfíncter anal, esta pessoa NÃO é ASIA “A”.

ASIA “B” - Lesão incompleta
A classificação B é definida como “Perda da função motora, porém função sensitiva preservada abaixo do nível neurológico e inclui sensibilidade do segmento sacral S4-S5”
De acordo com o Dr. Wise Young, membro da equipe que criou a escala da ASIA, a classificação “ASIA B” é relativamente rara, pois exige que a pessoa possua sensibilidade anal porém perda da função motora abaixo do “nível neurológico”. Dr. Wise prossegue ressaltando que o nível neurológico é o segmento mais caudal cujas funções motora e sensitiva estão preservadas. Ele cita o seguinte exemplo para explicar porque a classificação “B” é relativamente rara: Imagine uma pessoa com uma lesão em C4 que nos primeiros dias pós lesão apresentasse o nível neurológico C4, e que conseguisse a recuperação motora e sensitiva dos níveis C5 e C6; sendo assim, o nível neurológico desta pessoa seria C6. Para ser classificado com ASIA B, este indivíduo deve ter alguma função sensorial abaixo de C6. No caso, a sensibilidade anal preenche este requisito (este indivíduo não precisa necessariamente ter função sensitiva em nenhum outro dermátomo abaixo do nível neurológico). Sendo assim, para ser classificado como “ASIA B”, você não precisa de mais nada, apenas sensibilidade anal e não ter qualquer função motora abaixo do nível neurológico (se o indivíduo tiver alguma função motora abaixo do nível neurológico ele é automaticamente classificado como “ASIA C”).
Só para esclarecer um pouco mais, vale a pena ressaltar que caso o indivíduo tenha algum grau de contração esfincteriana, esta pessoa não é uma “ASIA B”, porque a classificação B deixa claro que não deve haver função motora abaixo do nível neurológico; e a contração voluntária do esfíncter representa função motora abaixo do nível neurológico
Esta explicação foi retirada do fórum de discussão “American Spinal Injury Association (ASIA) Impairment Scale”, que pode ser acessado pelo link http://sci.rutgers.edu/forum/showthread.php?t=18205

ASIA “C” - Lesão incompleta
Uma pessoa é classificada como ASIA C se tiver sensibilidade sacral e alguma função motora abaixo do nível neurológico. Porém um detalhe importante: Menos da metade dos músculos-chave abaixo do nível neurológico devem ter força grau 3 ou superior.

ASIA “D” - Lesão incompleta
Uma pessoa é classificada como “ASIA D” se 50% ou mais dos músculos-chave testados abaixo do nível neurológico tiverem força muscular grau 3 ou superior.

ASIA “E” - Lesão incompleta
Aqui temos uma situação interessante. Ao contrário do que pode parecer, classificar uma pessoa como "ASIA E" não significa necessariamente que esta pessoa se recuperou totalmente. Lembro que a ASIA não é, e nem tem o objetivo de ser uma avaliação neurológica completa. Assim, o máximo que podemos dizer a respeito do quadro neurológico de uma pessoa classificada como "ASIA E" é que ela não apresenta déficits detectáveis pelos critérios da escala ASIA.
O exame da ASIA não avalia a presença de espasticidade, de dor neuropática, e de fraqueza sutil, as quais podem acontecer em casos de lesão medular.

FONTE: http://fisioterapiahumberto.blogspot.com/

O que é PILATES ?


  • O que exatamente é Pilates?

  • Pilates é um sistema com mais de 500 exercícios que trabalham mente e corpo. É uma mistura balanceada com treino de força e flexibilidade que melhora a postura, reduz o stress, alonga e tonifica a musculatura sem exageros.
    Pilates trabalha vários grupos musculares simultâneamente através de movimentos suaves e continuos, com ênfase na concentração, fortalecimento e estabilização do CORE (abdômen, coluna e região pélvica, também chamado de “powerhouse”).
    O foco é na qualidade dos movimentos, ao invés da quantidade, o que faz o praticante sentir-se revigorado, ao invés de exausto após uma prática. Pilates tem um apelo no equilibrio, assim nenhum grupo muscular fica sobrecarregado, e o corpo trabalha de forma mais eficiente e holistica nos esportes e nas atividades de seu dia a dia. Os exercícios de Pilates podem ser feitos no solo ou em equipamentos específicos, como o “Reformer”, “Cadillac” e “Ladder Barrel”.


  • Quais os benefícios do Pilates?

  • Praticando regularmente os exercícios de Pilates você pode:
    • Alongar, tonificar e definir a musculatura sem exageros
    • Definir a musculatura abdominal mais profunda e melhorar o CORE
    • Trabalhar a percepção do corpo e mente
    • Padrões eficientes de movimentos deixando o corpo menos vulnerável a lesões
    • Reduzir o “stress”, aliviar as tensões, ganho de energia
    • Restaurar o alinhamento postural
    • Deixar sua coluna mais forte e flexível
    • Recuperação de lesões
    • Melhorar a área de movimento das articulações
    • Melhora a circulação sangüínea
    • Aumento da coordenação neuromuscular
    • Oferece alívio das dores nas costas e stress das articulações
    • Corrige sobre-carga dos grupos musculares que podem levar ao stress e alguma lesão
    • Melhora da mobilidade, agilidade e vigor
    • Complemento para treino esportivo e desenvolvimento funcional para a atividade diária
    • Melhora o visual de seu corpo, assim como sua auto-estima





  • O Pilates é apenas mais uma moda passageira?

  • Esta parece ser uma pergunta estranha de um método de exercícios que foi inventado a um século atrás e tem seguidores de muitas décadas.
    A resposta para a pergunta é simples: não. E a razão é mais simples ainda: porque realmente funciona.
    Joseph Pilates sempre disse que seu método estava 50 anos a frente de seu tempo. O crescimento e popularidade atual do Pilates é a base para sustentar sua teoria.




  • Quantas vezes por semana é o ideal para a prática de Pilates?

  • Os especialistas orientam que deve ser praticado, no mínimo, 2 vezes por semana para que o corpo se condicione com os movimentos, trazendo os benefícios esperados.
    A frequência vai depender do objetivo que se quer alcançar. Diferente da musculação, onde o corpo precisa de um descanso para responder aos estímulos, o pilates pode até ser praticado diariamente. Sempre, é claro, com a orientação de um profissional que irá determinar o melhor treinamento para cada indivíduo e situação.


  • Posso praticar Pilates em casa?

  • A prática de Pilates deve ser orientada por um instrutor que acompanhará o aluno, cuidando da sua postura e respiração. Existem exercícios simples que podem ser realizados em casa, mas apenas por pessoas que já tiveram muitas horas de aula e que já tomaram a consciência corporal trabalhada pelo Pilates. Se você está iniciando a prática, nem pense em fazer sozinho, pois os exercícios mal executados podem causar danos ao seu corpo.


  • Pilates emagrece?

  • O emagrecimento não decorre exclusivamente da prática de Pilates, mas de uma combinação de fatores. Também depende do tipo de corpo do aluno, do nível de esforço e dos tipos de exercícios trabalhados durante a aula. No entanto, ele não é um exercício aeróbico.
    Como o Pilates cria massa muscular magra, isso colabora para aumentar o seu potencial de queima calórica, além de tonificar e alinhar o corpo.
    Quando praticado corretamente, o Pilates promove uma respiração profunda e eficiente, o que é essencial para a queima de calorias e a regeneração de tecidos. Portanto, a prática frequente de Pilates colabora significativamente para o emagrecimento, mas não emagrece sozinha.


  • Gestantes podem praticar Pilates?

  • Uma gestante saudável, com a liberação de seu médico pode praticar Pilates. A preocupação deve estar em procurar um instrutor experiente com gestantes, pois para cada mês de gestação existem cuidados a se tomar. Então, lembre-se: antes de praticar, pergunte ao seu médico se você está liberada e encontre um professor com experiência com a prática de Pilates para gestantes.


  • Pilates melhora a coluna?

  • O método Pilates é usado tanto por educadores físicos, quanto por fisioterapeutas em tratamentos de reabilitação postural. Os exercícios alongam, aumentam a flexibilidade e realinham o corpo, melhorando a postura e eventuais dores de coluna.
    Mas atenção: para casos de patologias de coluna antes de fazer qualquer exercício, deve-se buscar a orientação de um médico especialista. E ao iniciar uma aula de Pilates, o instrutor deve fazer uma avaliação física para entender os problemas e as limitações do paciente/aluno e assim, aplicar os exercícios mais adequados de acordo com a avaliação de cada pessoa.


  • Pilates me deixa mais disposto?

  • O Pilates trabalha corpo e mente, com ênfase na respiração e consciência corporal, promovendo assim, o bem estar físico e mental.




  • Comecei a fazer pilates, em quanto tempo vejo a diferença em meu corpo?

  • Para responder a esta pergunta é preciso avaliar a intensidade do treino, a frequência semanal das aulas e o tipo de corpo da pessoa. Cada metabolismo reage diferente. Uns respondem mais rápido ao treino e outros demoram um pouco mais. Os resultados também dependem da alimentação da pessoa. Mas em média, levando em consideração 2 aulas por semana, com duração de 1 hora cada, pode-se observar diferenças a partir da décima aula. Lembramos que as primeiras diferenças nem sempre são estéticas, mas abrangem principalmente o alongamento, a postura corporal e qualidade de vida!

    Pilates X Adolescentes

    A prática de Pilates na adolescência combina exercícios que fortalecem e equilibram a musculatura de todo o corpo, ajudando a prevenir e eliminar dores características desta fase do crescimento. Nesta fase o crescimento rápido dos ossos não é acompanhado pelo crescimento dos músculos e tendões, o que ocasiona desequilíbrios posturais devido ao encurtamento muscular, que podem causar dor. É nesta fase que devemos estar atentos ao surgimento de escolioses e outros desvios posturais, e onde devemos intervir imediatamente.

    Minha aluna Mariana


    Os exercícios de pilates para os adolescentes enfatizam a precisão e a qualidade na execução dos movimentos sem sobrecargas indesejadas, logo se observa a melhora do alongamento, da flexibilidade e da postura. A prática do Pilates desde cedo, cria consciência e cuidado com o corpo, despertando sensações de bem estar e saúde que se leva para a vida toda.

    Essa e minha aluna Mariana um exemplo de melhora na sua postura, na concentração e a na consciência corporal.

    Como benefício adicional, o aluno aperfeiçoa sua coordenação motora, se a mesma não foi bem trabalhada em sua infância, e consegue melhorar sua concentração e a consciência corporal, que são afetadas nesta fase de turbilhão de hormônios. Mas também existem adolescentes que encontram no pilates a oportunidade de aperfeiçoar sua técnica como alunas bailarinas, nadadores, ciclistas, … ou recuperando-se de lesões por exemplo e conhecendo o lado da reabilitação.

    Outro aspecto que vivenciamos ao acompanhar o trabalho com o adolescente é a melhora na auto-estima, pois as práticas possibilitam que o jovem sinta um domínio maior sobre seu corpo, vivencie melhoras físicas e, psicologicamente, permite maior afirmação perante o meio social. Ele gosta das transformações e isso pode revolucionar positivamente a fase que está vivendo, incorporando confiança à sua rotina. E como o trabalho é individual, um bom relacionamento entre instrutor e cliente resulta num treino específico com o devido estímulo e desafios além da avaliação periódica, pois a evolução ocorre de maneira muito rápida. É importante que o instrutor esteja ciente do seu papel e dos procedimentos que devem ser seguidos para o bom andamento do trabalho e quem sabe um bate papo com o aluno seja interessante para conhecermos os gostos do aluno, entendermos suas preferências, inclusive sobre os aparelhos, acessórios e exercícios, e tentar proporcionar um ambiente agradável, que os deixe confortáveis.

    Numa pesquisa pela internet, não encontramos dados sobre projetos que utilizam Pilates em colégios no Brasil, mas nos EUA, por exemplo, encontramos projetos orientados à superação do sedentarismo e à educação postural, como uma disciplina curricular adicional. Um dos projetos, chamado Adolescentes Ativos, é realizado na Sierra Middle School (rede de colégios localizados em vários estados), e usa o Pilates como uma ferramenta que estimula a prática junto com uma alimentação saudável, de maneira que o adolescente seja um propagador de hábitos saudáveis em casa e entre os amigos.