Na prática clínica é comum ouvirmos o termo tendinite para qualquer tendinopatia encontrada. Mas será que é sempre uma tendinite mesmo?
O sufixo ITE refere-se a processos inflamatórios que incluem os cinco sinais e sintomas clássicos de inflamação – tumor, calor, rubor, dor e impotência funcional. Porém nem sempre encontramos este quadro.
Segundo Boyer et al (1999) “sinais de inflamação aguda ou crônica não foram encontrados em qualquer espécime de patologia cirúrgica em pacientes com diagnóstico clínico de epicondilite lateral”.
O sufixo OSE implica em uma patologia de degeneração crônica sem inflamação. A tendinose, quando estudada microscopicamente, caracteriza-se por processo degenerativo com aumento do número de fibroblastos, hiperplasia vascular e desorganização do colágeno.
De acordo com Bonar (1999) tendinite é a degeneração sintomática do tendão com o rompimento vascular devido a uma ruptura parcial de fibras. A maioria das doenças crônicas que vemos não são traumáticas o suficiente para causar uma ruptura vascular necessária para a criação de uma resposta inflamatória. O que nós realmente vemos na prática clínica é uma degeneração intratendinosa devido ao envelhecimento ou sobrecarga mecânica, e micro trauma onde há desorientação, desorganização do colágeno, e separação de fibras devido ao aumento da substância fundamental mucóide, ou seja, uma tendinose.
O movimento repetitivo provoca micro lesões que se acumulam com o tempo. O colágeno quebra-se e o tendão tenta reparar, mas as células produzem um novo colágeno, com uma composição e estrutura anormais. Experiências mostram que o excesso de colágeno tipo III, enfraquece o tendão, tornando-o mais propenso a lesões. As novas fibras de colágeno são menos organizadas, tornando o tendão menos capaz de suportar tração.
Portanto precisamos repensar o tratamento aplicado a este paciente. Injeções de corticosteróides e antiinflamatórios não tem aplicação em uma doença não-inflamatória. O uso de alguns métodos fisioterapêuticos tradicionais também não apresentaria resultados satisfatórios por visarem reduzir processos inflamatórios. No entanto, algumas técnicas de Fisioterapia são capazes de produzir uma reorganização das fibras, melhora da capacidade de absorção de carga e melhora na cadeia cinética como um todo, uma vez que o tendão faz parte desta cadeia e seu tratamento não deve ser abordado de forma específica.
Nosso tratamento deve enfatizar a prevenção da degradação de colágeno, o que requer repouso e reforço. Suportes de cotovelo e tornozelo, por exemplo, assumem um novo significado. O aquecimento antes da atividade e atenção para corrigir a biomecânica exigida no dia a dia ou para determinado esporte assume uma nova importância.
O tendão, assim como o músculo e o ligamento, responde ao exercício e à imobilização. Wren e Carter (2000) relatam que “o exercício pode aumentar o tamanho, força e rigidez do tendão e do ligamento mediante a melhora no alinhamento das fibras, aumento do conteúdo, espessura e entrelaçamento entre as fibras de colágeno”. Diversos estudos indicam que a regeneração do colágeno pode ser produzida através de exercícios, principalmente o exercício excêntrico.
Em maio de 2011 a fisioterapeuta australiana Jill Cook, Mestre em Fisioterapia Manipulativa pela Universidade de La Trobe – Austrália e Doutora em Fisioterapia Esportiva pela Universidade de Griffith – Austrália, ministrará o curso teórico prático pós congresso CIRNE sobre Patofisiologia e Princípios para o Tratamento das Tendinopatias, onde falará da Fisiologia do tendão saudável, Patofisiologia das tendinopatias e Princípios de tratamento.
Não perca essa oportunidade, as vagas são limitadas. Inscreva-se através do site http://cirne2011.com.br
Fonte: Revista brasileira de ortopedia, Fisioterapia para seu bem estar, Terapia Manual, Dor Coluna, Tendinosis, The Medical News
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