Está em análise na Câmara o Projeto de Lei 1436/11, do deputado Ronaldo Zulke, que regulamenta a profissão de quiropraxista. Como você avalia essa proposta?
Desnecessária. Porque a quiropraxia já é regulamentada como uma especialidade da Fisioterapia desde maio de 2001. Portanto, avalio como uma estratégia de mercado como ficou provado através da denúncia feita no plenário da Câmara Federal pela deputada Alice Portugal que denunciou o jornal “Dynamic Chiropractic” publicado nos Estados Unidos pela “World Federation of Chriropractic” – WFC, em 2007 relatando com detalhes que esta Federação lançou uma campanha com o objetivo de arrecadar US$ 100.000 para financiar a batalha pela aprovação do Projeto de Lei que regulamenta a profissão de quiropraxista no Brasil, “conscientizando” parlamentares no Brasil . Isso é lobby e foi denunciado no Congresso parando o projeto pronto para pauta.
Parte da comunidade de fisioterapeutas se mostra contra a regulamentação, pois as atividades seriam parecidas. O que você pensa a respeito? Qual a principal diferença entre as duas atuações? A atuação profissional é mesmo semelhante?
Diferenças não, semelhanças, pois a Fisioterapia engloba os conceitos da quiropraxia extrapolando tanto a parte técnica quanto na parte científica. O profissional fisioterapeuta é capaz de fazer uma consulta adequada solicitar exames necessários e após tudo isso decidir se é necessário ou não submer o paciente a um procedimento de risco que é manipular sua coluna vertebral, por exemplo.
Na sua opinião, qual seria o “problema” em haver a regulamentação do quiropraxista?
Apesar de haver duas faculdades no sul e sudeste do país de uma profissão que não existe e ainda busca a sua regulamentação no Brasil, o que está acontecendo é uma tentativa de pressão para formar pessoas criando uma nova profissão que já é especialidade de outra. É pura pressão do mercado de universidades que querem abrir um novo curso no país inteiro “copiando e colando” a matriz curricular da Fisioterapia brasileira.
Temos a obrigação de denunciar também o trabalho que é feito ilegalmente no país, por expedições que vêm em busca de créditos de aulas práticas, utilizando pessoas de comunidades carentes como laboratórios humanos ( cobaias), investidos na imagem de prática voluntária.
Em 2008 vinte e seis norte-americanos foram presos em Santa Catarina. Em Fortaleza já existe um processo na delegacia de defraudações, instaurado pelo ministério público através da promotora de justiça de defesa da saúde pública, Dra. Isabel Porto, investigando quiropratas que realizam atendimento dentro dos shoppings, sem consulta e nem exames, apenas “entortando” as pessoas, pondo em risco a saúde da população portadora de osteoporose, hérnia de disco e outras patologias graves.
Recentemente em parceria com a Polícia Federal conseguimos deter e deportar, por estarem praticando quiropraxia com visto de turista, estrangeiros em comunidades de Fortaleza, inclusive um casal que dizia estar em lua-de-mel.
No nosso entendimento, o trabalho voluntário realizado nas comunidades carentes pelo terceiro setor, é salutar, porém com as devidas precuações. Os doutores que estão atendendo devem informar previamente a um órgão de saúde competente para avaliar as condições sanitárias e de atendimento do local, evitando improvisos e principalmente cadastrando os profissionais que irão realizar o atendimento, para que possíveis danos, não intencionais durante as condutas, repercussões inesperadas e até erros possam ser investigados e devidamente apurados, trazendo segurança a população e exercendo o nosso papel de órgão de controle social o que não acontece durante essas experiências estranhas que tivemos no Brasil, da quiropraxia onde a população não tem a quem recorrer, sempre que há algum problema, quando eles já deixaram o país.
Afinal a quiropraxia também tem contra-indicações e da forma que está sendo praticada, sem consultas, sem exames se torna mais arriscada ainda.
Agradeço, em nome dos fisioterapeutas que através do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Sexta Região – Ceará e Piauí, represento, o importantíssimo apoio da imprensa no intuíto de esclarecer a população, pois o Conselho como órgão de controle social preza pelos direitos á saude que não estão sendo respeitados, porque quando essas pessoas vão embora, ficam os problemas para resolvermos. A nossa população não pode continuar como cobaia para práticas ilegais de estrangeiros no Brasil.
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