Uma pesquisadora da Unicamp acompanhou 35 pacientes que fizeram cirurgia cardíaca e encontrou uma fórmula simples de melhorar as chances da operação ser bem-sucedida: fisioterapia antes de enfrentar o bisturi.
“Todo procedimento de grande porte, em especial feito no coração, tem risco de complicações respiratórias posteriores, como infecção pulmonar e pneumonias”, afirma a autora do estudo, Ana Beatriz Sasseron.
“Nossa proposta era verificar se a fisioterapia respiratória prévia poderia ajudar no quadro clínico dos pacientes, porque hoje o que existe nos hospitais é a realização dos exercícios só após a operação.”
Sasseron então propôs às pessoas que já tinham marcado cirurgias eletivas no coração a realização de no mínino três e no máximo 10 sessões de fisioterapia como estratégia preventiva de efeitos colaterais. Em todos os casos, os pacientes não tiveram complicações pós-cirúgica e nem quadros pulmonares problemáticos mesmo com cirurgias de grande porte.
“Mesmo que sejam poucas sessões, é importante que se faça, pois os exercícios ajudam a fortalecer os músculos pulmonares e preparam o corpo para operação. Comparamos os resultados com a literatura médica e os nossos pacientes tiveram até melhora na qualidade de vida, com mais disposição para a recuperação”, diz a fisioterapeuta.
O trabalho na Unicamp só foi feito com pacientes adultos, mas uma pesquisa realizada em 2008 e publicada na Revista Brasileira de Cirurgia Cardiovascular comprovou que a técnica também beneficia pacientes infantis.
Foram avaliadas 135 crianças entre zero e 6 anos, submetidas a procedimentos cirúrgicos no coração. Setenta e uma fizeram sessões de fisioterapia antes e depois da cirurgia e o outro grupo só após a operação. Na primeira turma, 25% apresentaram algum tipo de complicação pulmonar, parcela ampliada para 43,3% na outra turma, sendo a pneumonia a mais recorrente.
Custos e reduçõesA aposta dos pesquisadores que participaram dos estudos com a fisioterapia respiratória é que a técnica pode reduzir o tempo de internação dos pacientes e aliviar custos. Os problemas cardíacos estão entre os que mais exigem procedimentos cirúrgicos e também os que mais causam mortes e debilitações nos brasileiros, já mostraram os dados nacionais.
Apenas durante o ano passado, os hospitais brasileiros realizaram 11.109.834 procedimentos cirúrgicos cardíacos, em custos que superam os R$ 10,1 milhões, segundo levantamento feito pelo Delas no portal do Ministério da Saúde.
Diminuir custos, mesmo com a incorporação de novas tecnologias e procedimentos, é o desafio de gestores de saúde de vários locais do mundo. Neste contexto, as cirurgias cardíacas estão entre as prioridades, afirmou o especialista em economia e saúde, Ashoke Bhattacharjya, que trabalha no Comitê da Divisão de Saúde Científica de Washington, Estados Unidos.
Ele diz que todos os administradores de saúde deveriam colocar na ponta do lápis os custos para a adoção de novos procedimentos e comparar com os ganhos nos pacientes.
“Fizemos um estudo com os casos de pacientes cardíacos dos Estados Unidos e identificamos que para cada dólar investido, tínhamos um retorno futuro de US$ 2,40”, diz
Exercícios acompanhadosSem a necessidade de equipamentos especiais, a fisioterapia respiratória é um procedimento de baixo custo e que resultaria em economia com a redução de tempo de internação dos pacientes, acredita a fisioterapeuta da Unicamp Ana Beatriz Sasseron.
“Ainda que o hospital não ofereça, é interessante o paciente se informar sobre a possibilidade de fazer as sessões prévias. A presença de um profissional especializado é fundamental, até para avaliar as condições de cada paciente”, completa.Fonte: iG São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário