A síndrome de piriforme, uma “ciática” causada pela compressão do
nervo isquiático pelo músculo piriforme, ainda que descrita por mais de
70 anos, tem várias controvérsias associadas e poucas evidências que
sequer comprovem sua existência (Hoayan et al Euro J Spine 2010). A
literatura atual consiste primariamente em estudos de casos ou
interpretações com base na anatomia.
Um revisão sistemática da literatura foi feita incluindo 55 estudos
(Hoayan et al Euro J Spine 2010). Os achados mais frequentes foram dor
próximo ao trocânter, dor á palpação próximo a saida no n. isquiático,
agravo da dor ao sentar e agravo com manobras que colocam tensão no
músculo piriforme.
Ainda que nenhum dos estudos tenha apresentado provas imaginológicas
ou clínicas contundentes de boa validade ou confiabilidade para um
diagóstico definitivo desta síndrome, o volume de casos e os sintomas
típicos e reconhecidos por vários clínicos tendem a apoiar a existência
da condição. O diagnóstico diferencial parece ser crucial para sua
confirmação já que a compressão do n. isquiático ou suas raízes é
geralmente provocada por alterações lombares. Se estas não são
encontradas isso tende a direcionar o clínico para a “síndrome do
piriforme”.
Assim com o diagnóstico é obscuro o tratamento também é. Não há boas
evidências para o tratamento cirúrgico (Hoayan et al Euro J Spine 2010),
e as evidências são pobres também para o tratamento conservador (Cramp
et al Phys Ther Rev 2007).
Os clínicos, principalmente fisioterapeutas, não devem se inibir por
falta de evidências em relação a esta condição. A mesma é clinicamente
reconhecida por diversos clínicos e considerando que não há alterações
estruturais ou anátomo-patológicas identificáveis, o tratamento
conservador ainda parece ser a melhor opção.
Hopayian K, Song F, Riera R, Sambandan S. The clinical features of the piriformis syndrome: a systematic review. Eur Spine J. 2010 Dec;19(12):2095-109. Epub 2010 Jul 3.
Cramp F, Bottrell O, Campbell H et al (2007) Non-surgical management
of piriformis syndrome: a systematic review. Phys Ther Rev 12:66–72
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