quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Entendendo a formação e o tratamento das hérnias abdominais

Por: Dr. Paulo Campelo

Hérnia pode ser definida como a projeção total ou parcial de um órgão ou estrutura anatômica, através de uma abertura natural ou adquirida na parede da cavidade que o contém. Portanto, elas podem ter as localizações mais variadas e acometer diversos órgãos. Poderíamos citar a hérnia de disco (acomete os discos intervertebrais), a hérnia de hiato (acomete o orifício através do qual o esôfago penetra o abdômen), ou a hérnia diafragmática (que acomete o músculo do mesmo nome). No entanto, iremos abordar as hérnias abdominais, que são as mais freqüentes e responsáveis por dores nesta região do corpo, tendo como seu único tratamento a cirurgia.

Uma hérnia é constituída de um saco, conteúdo e colo herniário. O saco é o local que abriga a hérnia; o conteúdo é o que encontramos no seu interior e; o colo é a abertura por onde atravessa o saco e o conteúdo herniário. As principais hérnias abdominais são: inguinal, umbilical, epigástrica, femural e incisional. De acordo com o local acometido elas receberão o seu nome, a única que pode estar situada em variada localização é a hérnia incisional, pois estará instalada sob a cicatriz de uma cirurgia prévia (apendicectomia, colecistectomia, histerectomia, laparotomia, entre outras).

Indivíduos do sexo masculino são os mais acometidos da hérnia inguinal e epigástrica. Já o sexo feminino é mais acometido de hérnia femural, localizada na raiz da coxa. O principal sintoma relatado pelo paciente é a dor e o abaulamento. O que mais caracteriza a dor é sua piora com esforços físicos e sua melhora com repouso, principalmente, ao deitar, pois toda a tensão sobre o saco herniário é reduzida. O abaulamento, geralmente, aumenta quando o abdômen sofre tensão e diminui ou desaparece com o repouso. Um teste muito fácil de identificar uma hérnia é ao tossir observarmos o aumento da protusão ou abaulamento.

O encarceramento e estrangulamento da hérnia são uma grande preocupação dos pacientes. Estes dois termos indicam alterações sofridas pelo seu conteúdo que acarretarão cirurgias de urgência ou emergência. Uma hérnia encarcerada é aquela que o conteúdo herniário não pode mais retornar ao seu local de origem, logo, está irredutível. Algumas delas deverão ser operadas de urgência, outras, porém, poderão ser operadas de forma eletiva, a depender do exame do cirurgião. Quando esta hérnia não é redutível e está acompanhada de sofrimento vascular do órgão, caracteriza-se o estrangulamento, devendo ser operada em breve – em caráter emergencial – sob risco de morte do paciente.
Para tratar uma hérnia é fundamental ter conhecimento anatômico. Ao longo dos anos, muitas crendices como os botões colocados em hérnias umbilicais, as “fundas” utilizadas para hérnias inguinais foram utilizados. Porém, estas medidas funcionam somente como paliativos e, às vezes, apenas mascaram a patologia que ao ser abordada tardiamente tem piores resultados. Quanto mais precocemente as hérnias abdominais forem operadas, mais satisfatórios serão os resultados, pois, certamente serão melhores as opções de tratamento cirúrgico.

Fonte: www.paulocampelo.com.br

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