domingo, 7 de novembro de 2010

Síndrome Dolorosa Miofascial

neck and showders pain 1 - neck and showders pain 1

Síndrome dolorosa miofascial (SDM) é uma condição dolorosa muscular regional caracterizada pela ocorrência de bandas musculares tensas palpáveis, nas quais identificam-se pontos intensamente dolorosos, os ponto gatilhos (PGs) que quando estimulados por palpação digital ou punção localizada com agulha, ocasionam dor local ou referida a distância.

Os ponto gatilhos são decorrentes de sobrecargas dinâmicas ou estáticas ocorridas durante as atividades da vida diária e ocupacionais. Podem ser ativos ou latentes. O PG ativo é um foco de hiperirritabilidade sintomático muscular situado em bandas musculares tensas (contraturadas ou enduradas no músculo ou na fáscia) em áreas onde há queixa de dor e que, quando pressionado, gera dor referida em áreas padronizadas, reprodutíveis para cada músculo. A dor é espontânea ou surge ao movimento, limita a amplitude do movimento e pode causar sensação de fraqueza muscular. Os PGs latentes são pontos dolorosos com características similares aos ativos, mas presentes em áreas assintomáticas; não se associam à dor durante as atividades físicas normais. Podem ser menos dolorosos à palpação e produzir menos disfunção que os PGs ativos.

As causas mais comuns de SDM são traumatismos, sobrecarga de músculos descondicionados, descondicionamento físico, estresses prolongados ou sobrecarga da musculatura antigravitária decorrente da adoção de posturas durante a execução de atividades de trabalho ou lazer, acidentes automobilísticos e estresses emocionais. A dor sensibiliza as terminações nervosas livres e o sistema nervoso central (SNC) justificando o fato de os PGs gerarem dor localizada e referida.

Os critérios de diagnóstico são clínicos e dependem do achado de pontos gatilhos e de bandas de tensão, sendo necessário que o profissional seja treinado para identificá-los. Podem ser divididos em maiores - bandas de tensão muscular, dor intensa nos PGs em uma banda de tensão, reprodução da dor à pressão do nódulo doloroso, limitação da ADM decorrente da dor – e menores - evocação da reação contráctil visualmente ou à palpação, reação contrátil ao agulhamento dos PGs, demonstração eletromiográfica de atividade elétrica característica de nódulo doloroso em uma banda de tensão e dor, anormalidade sensitiva na distribuição de um PG à compressão correspondente. O diagnóstico de certeza é firmado quando 4 critérios maiores e um menor são evidenciados. A não identificação da SDM é responsável por numerosos diagnósticos errôneos e insucessos terapêuticos de sintomas dolorosos crônicos, perda da produtividade e aumento de compensações.

Os hábitos saudáveis de vida constituem a base do tratamento da dor músculo-esquelética. A dieta saudável e o sono repousante, além dos exercícios e da atividade física programada são medidas complementares de extrema importância para qualquer programa de reabilitação de doentes com dor neuromuscular crônica.

O tratamento da SDM consiste na inativação dos PGs e a interrupção do ciclo vicioso dor-espasmo-dor. O músculo é o principal efetor da atividade mecânica gerada na unidade músculoesquelética. O músculo relaxado e resistente produz força mais eficiente com menor fadiga, transferindo menor carga às junções miotendíneas e ósteo-tendíneas. Atividade física deve considerar o trabalho de conscientização corporal, com movimentos lentos suaves não aeróbicos do corpo, a propriocepção, a redução dos estresses articulares e musculares e o equilíbrio das cadeias musculares.

Os exercícios e os programas regulares de atividades físicas são fundamentais e constituem a base do tratamento da dor músculo-esquelética crônica, pois melhoram o condicionamento cardiovascular ou muscular, reduzem o número e a intensidade dos PGs e melhoram as medidas objetivas e subjetivas da dor em doentes com SDM e fibromialgia. Devem ser iniciados gradualmente com manobras de mobilização e de alongamento suave, respeitando-se a tolerância dos doentes.

A cinesioterapia visa a aprimorar e a otimizar a atividade mecânica gerada pelos músculos e a proporcionar analgesia, recuperação da expansibilidade tecidual, força, resistência à fadiga e restabelecimento da cinestesia (padrões gestuais fisiológicos) graças à inibição dos fatores irritantes e fisiolimitadores. O procedimento cinesioterápico deve restabelecer a expansibilidade e o comprimento isométrico do músculo e dos folhetos teciduais superficiais.

A massoterapia, o calor superficial ou profundo, a crioterapia, hidroterapia e a eletroterapia podem ser utilizados no preparo para execução de atividades físicas, mas isolados não surtem efeito desejado.

Técnicas de liberação miofascial , liberam músculo e a fáscia e baseiam-se na pressão manual sobre as fáscias musculares, liberando as restrições fasciais.

Após o tratamento dos PGs deve-se realizar estiramento progressivo do músculo para restabelecer a ADM. Os exercícios de reabilitação reduzem a possibilidade de reativação dos PGs e as sobrecargas que sobrepujam a capacidade funcional dos doentes. A longo prazo, a conduta não reside apenas no tratamento dos PGs, mas sim na identificação e modificação dos fatores contribuintes, visto que estes estão relacionados aos aspectos biopsicossociais dos doentes.

Freqüentemente a SDM apresenta recorrência, principalmente quando o diagnóstico etiológico e os fatores precipitantes ou agravantes (mecânicos, posturais, nutricionais, metábolicos, estressores psicossociais e biológicos) não são corrigidos apropriadamente. A estimulação dos bons hábitos, como alimentação balanceada, sono reparador, atividade física regular, relaxamento e diminuição de estressores psíquicos e físicos são fundamentais para prevenir a recorrência dos sintomas.

Fonte: http://www.maisfisio.com.br/biblioteca/dor-miofascial.pdf

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